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ESTÁGIOS CURRICULARES ¬

O estágio curricular para o aluno universitário.

Msc. Alfredo Pieritz Netto.¹
Msc. André Luiz Kopelke.²
Esp. Rosana Richter.³
Esp. Elis Regina Tredesini4.
 
 
 
RESUMO:  O estágio curricular é um instrumento fundamental aos formandos de cursos superiores para  fazer com que o aluno aplique na prática os conhecimentos adquiridos na academia. Neste momento chega ‘a hora da verdade’ para o aluno, para os seus mestres,  para a instituição e para a sociedade, pois dos resultados alcançados  pelo estagiário todos serão avaliados.
Trabalhou-se neste artigo pontos ligados principalmente ao estagiário e a organização que está fornecendo o estágio, culminando com  os passos principais a serem tomados pelo estagiário, de modo a servir de orientação aos profissionais ligados tão importante momento do aluno/estagiário.
 
 
Palavras Chave: Estágio Curricular, Aprendizado, Ética, Roteiro de Estágio.
 
  1. INTRODUÇÃO
 
O estágio supervisionado é uma importante fase da vida acadêmica dos alunos universitários, servindo em muitos casos, como o primeiro contato do aluno com o dia-a-dia das organizações. Aos alunos que já estão empregados, o estágio tem auxiliado a conhecer novos setores da empresa, ou realidades diferentes das funções exercidas pelo aluno, pois o mesmo deve se posicionar com um olhar crítico sobre o objeto a ser estudado.
O estágio supervisionado é um momento da verdade, onde estará ocorrendo uma avaliação crítica da sociedade sobre a instituição de ensino, verificando se as disciplinas ensinadas são pertinentes e relevantes as necessidades atuais das organizações. O Estágio Supervisionado, tem sido uma experiência fundamental a formação profissional das áreas de administração, contábeis, engenharia etc.
Destaca-se que o aluno/estagiário será o responsável em demonstrar o nível de conhecimento adquirido esperando, surja uma contribuição pertinente nos trabalhos executados pelos mesmos, os quais deverão ser detalhados no relatório final.
O intuito deste material não é advogar um método único de orientação e trabalho, mas mostrar que a problemática a ser conduzida no estágio, pelo aluno, apresenta um leque de alternativas de pesquisa, trabalho e de soluções possíveis, e que acaba delineando qual o tipo de projeto mais adequado a ser trabalhado.
Outra forma importante ao administrador referente a presente proposição de forma de trabalhar o desenvolvimento de habilidades metodológicas, habilidades estas cada vez mais importante para as empresas.
 
 
  1. O estágio  Curricular
 
O estágio curricular nas instituições de ensino superior, tem-se mostrado como um excelente ferramental de ligação entre os ensinamentos teóricos apreendidos em sala de aula, com a sua aplicação prática  dentro das empresas, de modo que  a autora Roesch (1996: 21) apresenta que “o estágio curricular não é simplesmente uma experiência prática vivida pelo aluno, mas uma oportunidade para refletir, sistematizar e testar conhecimentos teóricos e ferramentas técnicas (curva ABC, técnicas estatísticas, etc...) durante o curso de  graduação”.
No estagio, o aluno poderá vivenciar ainda experiências de resolução de problemas, avaliar e sugerir mudanças nas organizações, implantar sistemas de custos, informações, etc. aprofundar conhecimentos em sua área de interesses entre outros e estará participando de um processo de aprendizagem  que conforme Kolb et al apud Roesch (1996: 21)  tem os seguintes passos (figura 01):
 
 “o processo de aprendizagem e de solução de problemas é composto por um ciclo de quatro estágios, como na Figura 02, em que “...(1) a experiência concreta é seguida por (2) observação e reflexão que levam à (3) formação de conceitos abstratos e generalizações  que levam a (4) hipóteses a serem testadas em ações futuras, as quais por seu turno, levarão a novas experiências”.
 
As pressões sofridas pelas organizações, conforme detalhado na Figura 02, tem exigido profissionais cada vez mais preparados com uma visão holística da organização, de modo que saiam prontos para atuarem no mercado. As mudanças na sociedade e nas organizações são fatos vivenciados por todos, e havendo diversos escritores, consultores e pesquisadores que tenham explanado sobre este tema, dos quais citamos alguns como: Starkey (1997), Drucker (1996), Nonaka e Takeuchi (1997), Kotler (2000), Richers (2000) entre outros mais, fazendo com que a pressão sobre o profissional e as instituições de ensino para se manterem atualizados e na “crista da onda” das necessidades empresariais tem sido cada vez mais crescente.
 
 

               Resoluções de
                 Problemas.                              Experiências
      Concretas
 
 
 
 
                           Testes das implicações                                     Observação
                               Dos conceitos em                                                   e
                                Novas situações                                              Reflexo
 
              Formação de
                 Conceitos abstratos
                E generalizações
Aprendizagem
                                                                                                                       Acadêmica
 

 
 
 

FIGURA 01: O CICLO DE APRENDIZAGEM
FONTE: ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de estágio do curso de administração: guia para pesquisas, projetos, estágios e trabalhos de conclusão de curso; Colaboração: Grace Vieira Becker e Maria Ivone de Mello. São Paulo: Atlas, 1996.p.22
 
Por isso, o estagiário representará a instituição de ensino em que estudou junto à organização em que estagiará, e, portanto deverá agir eticamente, e principalmente cooperando para o crescimento da organização, aplicando, se possível; os conhecimentos adquiridos em seus anos de estudo, de forma metódica e coerente com as necessidades da organização, contando para isto com o apoio de seus orientadores e da instituição de ensino.
A contratação de um estagiario pela empresa para a realização do estágio curricular será regido pela Lei nº 6.494 de 7 de dezembro de 1977 e pelo Decreto nº 87.497 de 18 de agosto de 1982, e o seu regime de trabalho será o definido entre você e a empresa. Inicialmente a empresa não possui nenhuma obrigação de contratá-lo ao término do período de estágio, porém sempre existe a possibilidade de efetivação, desde que o estagiário tenha prestado serviços relevantes a empresa e superado as expectativas da mesma. A contratação efetiva sempre será uma opção, pelos resultados atingidos no estágio.
Algumas empresas aproveitam o estagiário para execução de tarefas operacionais (ex.: auxiliar de departamento de vendas, financeiro, produção, etc.) devendo o estagiário aproveitar esta oportunidade para aprender e tentar dominar a função, pois poderá ser uma futura oportunidade de emprego, além de tentar cooperar melhorando os procedimentos de trabalho.
 

Concorrência Ética
Orientadores
Avaliação dos
Profissionais e da Instituição Ensino
Profissionais Formados
Organizações
Instituição de Ensino
Assuntos Estudados
Atualização Permanente
 

 
 

FIGURA 02: Feed-Back: Instituição de ensino X Profissionais Formados.
FONTE: Os autores
 
O estagiário devera tomar certos cuidados durante o período de estágio na empresa, os quais são ( adaptado de Roesch, 1996):
a)      Informações e documentos sigilosos deverão ser respeitados.
b)      Postura questionadora “consultor”, porém mantendo respeito a cultura da organização.
c)      Seguir o código de ética adotado pela organização.
d)      Assiduidade. Freqüência, Regularidade e Pontualidade
e)       Disciplina. Observação das Normas e Regulamentos.
f)         Responsabilidade. Capacidade de responder pelo seus próprios atos, bem como desempenhar as atividades que lhe são confiadas, de forma satisfatória.
g)      Iniciativa. Capacidade de pensar e agir com bom senso na falta de normas e processos previamente determinados, assim como a de apresentar sugestões ou idéias pendentes ao aperfeiçoamento do serviço (respeitando a hierarquia e as normas da organização).
h)      Criatividade. (capacidade de criar gerando alternativas inovadoras para a organização).
i)        Capacidade de Aprendizagem. Capacidade de assimilar os assuntos com os quais é confrontado durante o estágio.
j)        Aplicação dos Conhecimentos Teóricos. (capacidade em aplicar conhecimentos teóricos para um melhor desempenho em suas atividades).
k)      Autodesenvolvimento. (esforço e interesse demonstrados na aquisição de conhecimentos/habilidades, por iniciativa própria, visando o aperfeiçoamento de seu desempenho).
l)        Autocrítica. (capacidade de evidenciar suas dificuldades).
m)    Equilíbrio Emocional. Calma e tranqüilidade diante das situações que se apresentam.
n)       Apresentação Pessoal. Maneira de trajar-se, trato com a aparência, apresentação pessoal.
o)      Zelo. (cuidado dispensado no manuseio dos equipamentos, ferramentas, máquinas, instalações e outros materiais
p)      Cooperação. Qualidade de cooperar com os superiores e com os colegas na realização das tarefas relacionadas  ao setor em que atua.
q)      Capacidade de relacionamento. (capacidade de integrar-se  ao grupo de trabalho, favorecendo um clima de solidariedade, colaboração, respeito e polidez).
r)       Planejamento/Organização. (sistematização de meios para a realização das atividades).
s)       Segurança no Trabalho. Capacidade de demonstrar e obedecer as normas e procedimentos de segurança, procurando sempre evitar acidentes.
t)        Qualidade de trabalho. Trabalho desenvolvido, de acordo com os parâmetros de qualidade estabelecidos pela organização.
 
O estagiário, por ser visto na empresa como um funcionário temporário, poderá estar relatando a direção o que vivenciou na empresa através de seu relatório de estágio, poderá algumas vezes ser usado como elemento divulgador de diferenças e posicionamentos pessoais ou de setores. O estagiário deverá ser capaz de discernir o que é relevante e útil ao resultado final do estágio, evitando se envolver em conflitos pessoais e entre setores.
Ao realizar o estágio, o aluno poderá se ver envolvido com informações sigilosas da empresa, as quais deverão ser tratadas como tais, verificando inclusive com os responsáveis da empresa se haverá algum problema em sua apresentação no relatório final de estágio, devendo sempre prevalecer às exigências da empresa, de modo a não gerar nenhum problema entre o estagiário e a instituição.
 
  1. FORMAS DE ESTÁGIO – SEGUNDO SEU OBJETIVO.
 
Em geral as formas metodológicas para realização de um estágio são apresentados em três formas,  os estágios descritivos, os estágios exploratórios e os estágios de pesquisa puros, conforme definidos abaixo:
 
ESTÁGIO DESCRITIVO: é a forma de estágio mais corriqueiro, aonde o estagiário faz um trabalho de reconhecimento na empresa, desenvolvendo atividades corriqueiras da empresa, geralmente trabalhando em serviço operacional (atendimento comercial, suporte ao departamento de Recursos Humanos, auxiliar financeiro, etc.).
O relatório final de estágio apresenta uma descrição das atividades operacionais executadas na empresa, com apresentação de possíveis sugestões de melhorias, e contribuições geradas pelo aluno para o engrandecimento desta atividade.
 
ESTÁGIO EXPLORATÓRIO: o estágio exploratório exige um maior grau de envolvimento do estagiário, necessitando que o mesmo adquira conhecimentos específicos para contribuir aos objetivos da empresa.
Exemplos de estágios exploratórios:
a)      Realização de pesquisa de mercado para lançamento de produto.
b)      Implantação de um setor novo na empresa (ex. Setor de Exportação).
c)      Implantação de novos procedimentos de trabalho (ex. implantação de novo sistema de custo, implantação de um novo sistema de informação ERP, CRM, etc..).
A empresa ao contratar o estagiário para realizar um estágio exploratório, geralmente possui claramente definido, os resultados finais esperados.
 
ESTÁGIO DE PESQUISA PURO: esta forma de estágio, geralmente são utilizadas por algumas empresas/organizações ligadas aos setores de engenharia, saúde, biologia, etc., não sendo objeto final de estudo deste trabalho, sendo detalhado em livros de metodologia científica em capítulos específicos de iniciação científica.
 
  1. ROTEIRO PARA O ESTÁGIO.
 
O aluno a se defrontar com o momento de iniciar o seu projeto de estágio geralmente tem dúvidas sobre os passos a serem dados para a elaboração  do seu projeto de estagio, e do estagio propriamente dito. Para facilitar a compreensão das etapas a serem  trabalhadas, é apresentado na figura 03 o sequenciamento básico seguido por varias instituições de ensino e que poderão ser utilizados para orientar o estagiário e os seus orientadores.
 
 
Definição da empresa/ organização
em que vai estagiar.
 
Escolha da área em que vai estagiar na empresa e
Escolha do tema problema.
 
Definir o orientador que melhor se adapte aos objetivos do estágio.
(Interesse da Empresa X Interesse do Aluno)
(Empresa X Instituição)
 
Adaptar escolha de tema-problema em conjunto com o professor/orientador e o orientador da empresa.
 
Identificar possíveis limitações ao tema-problema, deixando claro os limites do estágio.
 
Estabeleça os objetivos do estágio:
O que fazer?
Como fazer?
 
Faça uma revisão bibliográfica e fundamente as suas ações.
 
Elabore o projeto de estágio
 
Aproveite seu projeto de estágio com a empresa.
 
Realize o estágio e esteja em constante contato com seus orientadores, revisando constantemente seu projeto de estágio.
 
Faça a análise e interpretação dos dados coletados, bem como das experiências vividas no estágio.
 
Elabore o relatório de estágio.
 
Faça a revisão geral.
 
Aprovar o relatório de estágio com os coordenadores.
 
Entrega e/ou apresentação.
 
FIGURA 03: PASSOS PARA EXECUÇÃO DO ESTÁGIO.
FONTE: Os autores.
 
 
CONSIDERAÇOES FINAIS
 
A elaboração de um projeto de estágio bem elaborado com os detalhamentos adequados facilita o caminho do estagiário na empresa, bem como no desenvolvimento de todos os passos para cumprir mais esta etapa de seu aprendizado. O projeto do estágio será uma ferramenta essencial para o seu sucesso nesta empreitada, permitindo-lhe acompanhar o seu desenvolvimento, desvios de percurso, e principalmente mostrar ao seu orientador (da empresa e da instituição de ensino) o que está ocorrendo em seu estágio. Porém, o  projeto de estágio poderá ser modificado, para uma nova realidade conforme a necessidade da empresa contratante.
O estagiário desde o momento de escolha da empresa, do tema de seu estagio, até a sua redação final, deverá trabalhar sempre buscando esclarecer as dúvidas de método, forma, conteúdo, pesquisa bibliográfica, além de cobrar os resultados, sempre buscando o desenvolvimento final do trabalho de estágio.
O aluno deverá levantar novas questões pertinentes ao seu estágio, explorando de forma independentemente o tema, conversando com outros professores, profissionais e colegas de turma, trocando experiências e informações, além de bibliografias complementares.Por estes, e outros fatores, é de vital importância ao estagiário estar atualizado com os assuntos ligados a área em que vai estagiar.
 
BIBLIOGRAFIA
 
DRUCKER, Peter F. O gerente eficaz. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 1996.
 
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3a ed. São Paulo: Atlas, 1996.
 
KOTLER, Philip. Marketing para o século XXI: como criar, conquistar e dominar mercados. Tradução Bazán Tecnologia e Lingüística. São Paulo: Futura, 1999
 
MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual para elaboração de monografias e dissertações. 2a ed. São Paulo: Atlas, 1994.
 
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 3a ed. São Paulo: Atlas, 1997.
 
NONAKA, Ikujiro & TAKEUCHI, Hirotaka. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas Japonesas geram a dinâmica da inovação. 7ª ed. ; tradução de Ana Beatriz Rodrigues, Priscilla Martins Celeste. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
 
NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual da monografia: como se faz uma monografia, uma dissertação, uma tese. São Paulo: Saraiva, 2000.
 
REGULAMENTOS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DA UNIASSELVI, 2002.
 
ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de estágio do curso de administração: guia para pesquisas, projetos, estágios e trabalhos de conclusão de curso; Colaboração: Grace Vieira Becker e Maria Ivone de Mello. São Paulo: Atlas, 1996.
 
STARKEY, Ken. Como as organizações aprendem. São Paulo: Futura, 1997.
 
THOMPSON, Augusto. Manual de orientação para preparo de monografia: destinado, especialmente, a bacharelados e iniciantes. 2a ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1991.
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central. Normas para apresentação de trabalhos. 6a ed. Curitiba: Ed. Da UFPR, 1996.
 
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3a ed. São Paulo: Atlas, 2000.
 
 
1 Professor do Curso de Administração da UNIASSELVI, FAMEG e de Engenharia de Produção da FURB. Graduado em Engenharia de Produção, Mestre em Administração: Gestão Moderna de Negócios pela FURB.
 
2 Professor do Curso de Direito e Administração habilitação em Marketing da UNIASSELVI e Coordenador Geral de Estágios da UNIASSELVI, Graduado em Administração pela UDESC/ESAG-1991 e em Ciências Econômicas pela UFSC-2000, Mestre em Administração pela UFSC-1998.
 
 
4. Professor e Coordenador de Curso de Administração habilitação em Comercio Exteriorda UNIASSELVI, Graduado em Administração  e Administração com habilitação em Comércio Exterior, Especialista em Direito e Negócios Internacionais.
 
 
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